A VIDA DE CHICO XAVIER EM QUADRINHOS
O que mostraremos nesta página é apenas uma coletânea de fatos importantes e de provações vividas por Francisco Cândido Xavier.
A Infância
1 – Chico Xavier nasceu no dia 2 de abril de 1910, na pequena cidade de Pedro Leopoldo, situada a 35 Km de Belo Horizonte. Filho do vendedor de bilhetes de loteria João Cândido Xavier e da dona-de-casa Maria João de Deus, ele manifestou cedo sua extraordinária capacidade de entrar em contato com o outro mundo. Já aos quatro anos, surpreendeu a todos ao explicar, em linguagem médica, o aborto de uma vizinha. “O que houve foi um problema de nidação inadequada do ovo, de modo que a criança adquiriu posição ectópica”, disse o pequeno Chico, repetindo o que lhe era soprado aos ouvidos por um espírito.
Parentes acharam que o menino estava tendo uma alucinação.
2 – Aos cinco anos, ele fica órfão de mãe e o pai separa os seus nove filhos entre parentes e amigos. Chico passa a viver, então, com a madrinha Rita de Cássia e o padrinho José Felizardo Sobrinho. Permanece com o casal por dois anos.
Durante o tempo que vive com a madrinha, passa por dolorosas experiências. Acreditando que o afilhado tinha o diabo no corpo, já que ele lhe contava suas visões do outro mundo, a madrinha lhe ministrava surras com vara de marmelo e chegava até a lhe enterrar garfos na barriga.
3 – O menino passa a ter visões da mãe no quintal da casa da madrinha, onde costumava se refugiar para rezar. Dona Maria João lhe anunciava que um anjo bom logo apareceria para ajudá-lo. Pouco tempo depois, o pai casa-se novamente. A nova esposa, Cidália Batista, exige que os filhos do primeiro casamento do marido venham a morar com ela, inclusive o pequeno Chico.
4 – Com o passar dos anos, Chico começa a ter um contato cada vez mais freqüente com os espíritos. Nas missas, pela manhã, vê figuras reluzentes transformarem hóstias em focos de luz e pessoas já mortas trazendo rosas nas mãos e beijando os santos. Relata o que vê e o que ouve, mas seu pai pensa que ele está louco. Cogita em interná-lo num hospício.
Chico escapa da camisa-de-força por obra do vigário de Pedro Leopoldo Sebastião Scarzelli, que sugere a João Cândido colocar o menino para trabalhar na fábrica de tecidos de Pedro Leopoldo, que estava empregando crianças para o turno da noite. Isso permitiria o reforço do pequeno orçamento doméstico da família.
5 – Aos nove anos, ele inicia uma dura jornada. Às 3 h da tarde entrava na fábrica, onde desempenhava a função de tecelão até a uma da manhã. Dormia até às 6 h, ia para a escola, saía às 11 h, almoçava, dormia uma hora depois do almoço, e retornava à pesada rotina.
Em 1922, o país comemorava o centenário da independência e o governo de Minas instituiu vários prêmios para redações sobre o tema. No grupo escolar de Pedro Leopoldo, Chico, já entrando na adolescência, escreve, ditado por um ser invisível, o seguinte: “ O Brasil, descoberto por Pedro Álvares Cabral, pode ser comparado ao mais precioso diamante do mundo,…”
6 – Chico comentou a visão com a professora, D. Rosária Laranjeira, que, católica fervorosa, não lhe deu crédito, mandando-o retornar à carteira e terminar a redação. O trabalho recebeu menção ho
nrosa da Secretaria de Educação de MInas, mas os colegas de Chico, desconfiando que ele havia copiado o texto de um livro, desafiaram-no a fazer um exame público para que comprovasse sua capacidade de redação.
Sortearam um novo tema, mais difícil: “Areia”. O misterioso ser surge novamente e lhe dita: “Ninguém escarça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo o Sol de Deus….
7 – Chico concluiu o primário em 1923, tendo repetido o último ano por problemas de saúde: dificuldades respiratórias da poeira de algodão na fábrica de tecidos, onde trabalhava.
Adolescência e juventude
1 – Com a saúde prejudicada em função da longa jornada e do tipo de trabalho, Chico decidiu tentar outra atividade. Passou a trabalhar no Bar do Dove, de Claudomiro Rocha, onde varria o chão, lavava louça e cozinhava.
Com um salário reduzido, que não lhe permitia comprar um par de sapatos, troca o Bar do Dove, onde foi empregado durante dois anos, pelo armazém do padrinho José Felizardo Sobrinho. Apesar de ter que trabalhar como balconista das 7 às 20 horas, a exigência física era muito muito menor que na fábrica de tecidos e o pagamento maior que no bar.
2 – Em maio de 1927, uma das irmãs de Chico, Maria Xavier, sofre grave desequilíbrio mental. Até então, toda a família seguia os preceitos da Igreja Católica, mas foi requisitado o auxílio espírita, já que o problema não conseguia ser solucionado através da medicina.
3 – Depois da aplicação de passes, a moça recupera-se. A partir de então o jovem Chico passa a se aprofundar no conhecimento do espiritismo, lendo o Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Aprende, então, o que é mediunidade. Ainda em 1927, ele ajuda na fundação do primeiro Centro Espírita de Pedro Leopoldo, num barracão onde morava um irmão de Chico, José Xavier, que assume a presidência. Chico se torna secretário e seu patrão e padrinho, José Felizardo, tesoureiro. A primeira mensagem que Chico recebe é da mãe, Maia João de Deus.
4 – No ano de 1931, Chico tem o seu primeiro contato com Emmanuel, seu orientador espiritual. Ao buscar a beira de um açude, nas cercanias de Pedro Leopoldo, onde costumava se refugiar para meditar e orar, foi surpreendido com a imagem envolta por raios de luzes de um senhor imponente, vestido com uma túnica típica dos sacerdotes. Emmanuel logo se apresentou e lhe relatou as exigências que teria que cumprir caso quisesse trabalhar na mediunidade: “Disciplina, disciplina e disciplina”.
5 – Em 1932, foi publicada a primeira obra psicografada por Chico: Parnaso de Além-Tumulo, que reuniu 14 nomes da literatura brasileira, uma coletânea de 56 poesias ditadas pelos espíritos de Augusto dos Anjos e Castro Alves, entre outros, que causou polêmica no meio literário.
Fase adulta
1 – Em 1935, passa a psicografar textos de Humberto de Campos, que havia morrido em dezembro de 1934. Também em 1935, sai a segunda edição de Parnaso de Além-Túmulo, com acréscimos que levaram a obra a quase triplicar de tamanho. Foram incluídos poemas psicografados de Olavo Bilac e outros poetas brasileiros e portugueses, já falecidos.
Nesse mesmo ano, o jornal O Globo publica uma série de reportagens sobre o médium, o que fez com que a fama de Chico Xavier ultrapassasse as fronteiras de Minas Gerais e começasse a atrair pessoas de várias partes do país, levando verdadeiras romarias a Pedro Leopoldo.
2 – O armazém de José Felizardo vai à falência e Chico entra como escrevente-datilógrafo para o Ministério da Agricultura, em 1935, passando a trabalhar na Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo.
3 – No inicio de 1944, a viúva e os filhos do escritor Humberto de Campos movem processo contra Chico e a Federação Espírita Brasileira com o objetivo de reclamar direitos autorais sobre as obras psicografadas pelo médium que traziam a assinatura do escritor.
Em 12 de agosto de 1944, o juiz João Frederico Mourão Russel anunciou sentença na qual estabelece que só há direitos autorais
sobre obras produzidas em vida.
4 – Em 4 de janeiro de 1959, o médium muda para Uberaba, graças a uma transferência que conseguiu da Fazenda Modelo, onde trabalhava. Alegou um problema de labirintite, que surgira recentemente e que exigia a permanência em cidade de clima mais ameno. Aos amigos, disse que Uberaba tinha maior proteção espiritual que sua cidade natal.
5 – Em maio de 1965, viaja para os Estados Unidos com o objetivo de ajudar os espíritas lá residentes. Lá funda o Christian Spitit Center. Na ocasião, livros espíritas são traduzidos para o inglês e o médium é tema de matéria da revista Cosmic Star, publicada na Califórnia.
O médium estende sua viagem à Europa, onde ficou muito bem impressionado com o alcance do espiritismo no continente, especialmente na Inglaterra.
6 – Só a partir de 1967 se torna habitual a psicografia de mensagens pessoais, que passam a ser recebidas todas as semanas, em sessão pública, em Uberaba. Até então eram raros os textos enviados por mortos a seus parentes através do médium.
Ainda, em 1967, recebe a primeira de uma série de homenagens: o título de cidadão de sua terra natal, Pedro Leopoldo. Também em 1967, Uberaba lhe concede o título de morador mais ilustre.
7 – No final de 1978, participou da novela O Profeta, escrita pela amiga Ivany Ribeiro e exibida pela extinta TV Tupi, onde interpretava ele mesmo numa sessão mediúnica.
8 – Em 1980, é lançada a campanha para que Chico receba o Prêmio Nobel da Paz. Cerca de 10 milhões de pessoas assinaram listas de adesão, mas o selecionado foi o escritório do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados.
9 – Em janeiro de 1982, foi encenada, pela primeira vez, a peça Além da Vida, escrita com base em textos psicografados por Chico Xavier, que se tornou um sucesso de público e permaneceu vários anos em cartaz.
10 – Viveu com uma pequena aposentadoria de escriturário nível 8 do Ministério da Agricultura, de apenas 150 dólares. Com o estado de saúde precário, já não pode mais andar, mas continuou a receber visitas, psicografar e até saí, às vezes, de cadeira de rodas, para fazer suas visitas a pessoas carentes. Foram editados cerca de 500 livros psicografados por ele, que venderam mais de 20 milhões de exemplares.
11 – Quanto à fortuna material, ele continuou tão pobre quanto era. Chico era um homem aposentado e recebia somente os proventos de sua aposentadoria. Do ponto de vista espiritual, Chico Xavier era, a cada dia que passava um homem mais rico: multiplicou os talentos que o Senhor lhe confiou, através de seu trabalho, de sua perseverança e da sua humildade em serviço. Mesmo com a saúde debilitada, Chico Xavier continuou, a sua condição de um autêntico missionário do Cristo, continuou a comparecer às reuniões do Grupo Espírita da Prece. No dia 30 de junho de 2002, em Uberada, Minas Gerais, Chico Xavier faleceu, enquanto os brasileiros comemoravam a conquista de um campeonato mundial de futebol.